Fazer benchmark é um processo importante para qualquer produto digital, não apenas para pessoas criativas. Serve basicamente para você entender boas práticas de um assunto específico, seja de funcionalidades, modelo de negócio, estrutura de times ou processos.

Para que serve o benchmark

O benchmark serve para:

  • Entender como funciona uma funcionalidade em produtos concorrentes
  • Analisar modelos de negócio e como as empresas estão faturando
  • Ver a estrutura de times e quantidade de funcionários de outras empresas
  • Entender processos comerciais, atendimento ao cliente, etc.

Ou seja, dá para fazer benchmark em diversas áreas e entender como outras empresas estão resolvendo desafios parecidos.

Como fazer benchmark

Existem 3 técnicas simples que podem ser utilizadas:

1. Cliente oculto

Nessa técnica você se passa por um possível cliente para entender como a empresa vende seu produto, no que gera mais valor, tempo e canais de aquisição de clientes.

Algumas dicas:

  • Solicite um demo com o consultor comercial
  • Converse para entender quais funcionalidades ele destaca
  • Veja como ele conduz a conversa e em quais features ele foca
  • Observe o tempo entre os contatos
  • Tente entender o pitch, como a empresa quebra objeções, etc.

Isso pode gerar insights para melhorar seu próprio funil de vendas.

2. Testar ferramentas concorrentes

Aqui você vai usar os produtos dos concorrentes como um usuário comum:

  • Crie uma conta gratuita se disponível
  • Avalie todos os recursos, clique em tudo
  • Use o máximo possível do tempo de avaliação gratuita
  • Entenda diferenças entre planos gratuitos e pagos
  • Veja limites como número de ações em contas freemium
  • Teste suporte técnico e tempo de resposta
  • Avalie engajamento para planos pagos (e-mails, gatilhos)

Anote tudo o que encontrar para ter insights de melhorias.

3. Buscar inspirações de design

Muitas vezes produtos não têm habilidades de design. Por isso, buscar inspirações visuais em comunidades abertas pode ajudar:

  • Salve elementos de interface que gostar
  • Monte protótipos mesclando diversas inspirações
  • Passe para um designer deixar tudo visualmente alinhado
  • Referências ajudam designers a entender o propósito de cada tela

Alguns sites com comunidades de design:

  • Dribbble
  • Behance
  • UI Movement

Frameworks visuais como Bootstrap também têm templates que podem ser usados.

Encontrando concorrentes

Sites como Capterra, G2 e GetApp ajudam a encontrar concorrentes por categoria de produto.

Eles trazem informações detalhadas de cada software:

  • Preço e modelos de planos
  • Avaliações e nota de usuários
  • Market share e tempo no mercado
  • Funcionalidades disponíveis
  • Perfil de cliente ideal
  • Prêmios e reconhecimento
  • Integrações com outros softwares
  • Capturas de tela
  • Vídeos explicativos

Alguns exemplos:

Capterra

  • Compara softwares por recurso
  • Notas de usuários
  • Perfil de clientes ideais
  • Preços e modelos de plano

G2

  • Prêmios recebidos
  • Vídeos e capturas de tela
  • Avaliações de usuários
  • Comparação por recursos

GetApp

  • Lista completa de recursos
  • Distribuição de avaliações
  • Comentários de clientes
  • Links para site e demonstração
  • Softwares alternativos

Usando essas plataformas dá para ter uma visão completa da concorrência e como cada produto se posiciona no mercado.

Técnica do cliente oculto

Depois de identificar os principais concorrentes, é hora de colocar a técnica do cliente oculto em prática.

Algumas dicas de execução:

Solicitar uma demonstração

Preencha os formulários no site dos concorrentes solicitando uma demonstração personalizada. Tente agendar com um consultor de vendas.

Durante a call, faça perguntas e tire suas dúvidas sobre o produto para entender:

  • Como o consultor conduz a conversa
  • Quais funcionalidades ele destaca
  • Como ele responde a objeções
  • Pacotes e preços apresentados

Testar versões gratuitas

Use ao máximo todas as versões gratuitas e freemium disponíveis. Foque em:

  • Entender limitações da versão gratuita
  • Ver como a empresa direciona para os planos pagos
  • Avaliar diferenças crucials entre os planos
  • Testar e comparar funcionalidades

Avaliar materiais públicos

Consulte todos os materiais disponíveis publicamente sobre a empresa e produto:

Foque em discursos de vendas, posicionamentos de mercado e novas funcionalidades sendo lançadas.

Testando ferramentas concorrentes

Depois de identificar funcionalidades e planos, está na hora de testar os softwares concorrentes.

Criar contas gratuitas

A maioria dos SaaS oferece contas gratuitas ou freemium para atrair novos usuários. Então não deixe de se cadastrar e testar:

  • Use todos os recursos disponíveis
  • Simule um uso real da ferramenta
  • Busque entender limitações
  • Compare com seu próprio produto

Usar ao máximo trials pagos

Muitas ferramentas oferecem trials pagos por 7, 15 ou 30 dias. Nesse caso:

  • Cadastre-se com informações reais
  • Teste a implementação e integrações
  • Compare recursos versão gratuita x paga
  • Avalie usabilidade e experiência de uso
  • Entenda como é o onboarding

Focar no pós-venda

Preste atenção especial no pós-venda durante os testes:

  • Como é o suporte técnico?
  • Existem help centers e fóruns?
  • O conteúdo de ajuda é relevante?
  • Qual o tempo médio de resposta?

Essa etapa é crucial para retenção de clientes.

Confira um trecho da nossa aula sobre benchmarking:

Buscando referências de design

Uma excelente fonte gratuita de inspirações de design são comunidades de compartilhamento como Dribbble e Behance.

Nessas plataformas designers publicam trabalhos e estudos de caso que podem servir de referência.

Encontrar interfaces similares

Busque por termos exatos do seu contexto para encontrar designs apropriados, como:

  • Dashboards
  • Pagamento online
  • Carrinho de compras
  • Login
  • Cadastro

Salve tudo o que for relevante em um moodboard.

Identificar tendências

Observe quais elementos gráficos e visuais se repetem para identificar tendências:

  • Cores vibrantes vs sóbrias
  • Ícones minimalistas
  • Fotos vs ilustrações
  • Animações sutis

Aplique essas tendências ao seu layout.

Inspirar-se, não copiar

Lembre-se que benchmarks servem de inspiração inicial, e não para cópia.

Adapte os designs encontrados para se encaixarem no seu contexto e marca. Mas eles são ótimos para ganhar tempo e evitar o bloqueio criativo.

Usando frameworks e bibliotecas

Para produtos digitais, frameworks de interface como Bootstrap, Materialize e Bulma fornecem diversos componentes prontos que aceleram o desenvolvimento.

Eles dispõem de:

  • Templates de páginas e telas
  • Botões e formulários
  • Tabelas e menus
  • Alertas e modais
  • Gráficos e dashboards

Basta importar e configurar o framework no seu projeto para ter acesso a todos esses elementos.

Algumas vantagens:

  • Menos tempo de desenvolvimento
  • Interface responsiva
  • Customização de temas
  • Suporte da comunidade
  • Documentação extensa

Portanto, frameworks são ótimas referências visuais a serem usadas.

Criando protótipos de alta fidelidade

Com todas essas referências coletadas você pode começar a montar protótipos visuais bem elaborados para seu produto, antes mesmo de escrever código.

Mesclar diversas referências

Pegue elementos de várias fontes para compor seus protótipos:

  • Layouts e grids de frameworks
  • Cores e typografia do Dribbble
  • Ícones e botões de bibliotecas

Faça uma “colagem” das referências, adaptando tudo pro seu contexto.

Usar ferramentas de prototipação

Softwares como Figma, Adobe XD e InVision App permitem criar protótipos funcionais muito facilmente, sem precisar de desenvolvimento:

  • Insira imagens e assets
  • Aplique grids e estilos
  • Crie fluxos entre telas
  • Torne botões clicáveis

Validar com o usuário

Mostre os protótipos para colegas e potenciais usuários:

  • Peça feedback honesto
  • Identifique problemas de usabilidade
  • Descubra novos requisitos

Faça ajustes rápidos e itere sempre melhorando.

Conclusões

Portanto, realizar benchmarks de maneira consistente traz muitos benefícios, como:

  • Entender o estado da arte do seu mercado
  • Gerar insights para melhorar seu próprio produto
  • Economizar tempo de design e desenvolvimento
  • Criar diferenciais competitivos
  • Reduzir riscos e incertezas

Dedique tempo para conhecer profundamente seus concorrentes e tendências de mercado. Isso vai direcionar as evoluções do seu produto, garantindo que ele se mantenha relevante e competitivo.

E lembre-se: benchmark para se inspirar, não para copiar!